Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a única
E atravessou a rua com seu passo tímido
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague
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