sábado, 28 de abril de 2007

Nunca se adivinharia nela um anseio...


"Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre. Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se pode­ria contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma."

Um comentário:

Pensatriz disse...

...
Ó menina vai ver nesse almanaque
Como é que tudo isso começou

Diz quem é que marcava o tic-tac
Que a ampulheta do tempo disparou

...